Me convidaram para falar um pouco sobre Arthur Conan Doyle, que nesta data celebra o dia de seu nascimento (1859-1930).
E eu me pego aqui a pensar em seus enigmas. A começar pelo seu nome, o pomposo sobrenome “Conan Doyle”. Uma incerteza. Seu registro de batismo traz “Arthur Ignatius Conan”. Doyle seria seu sobrenome, um sobrenome agregado e que, sabe-se lá por quais mistérios, assim ficou sendo.
Autor de romances policiais, ficção científica, romances históricos e até poesia e não ficção, Conan Doyle, como ficou conhecido, traz nos mistérios, seu nome associado diretamente às suas criações mais famosas: Sherlock Holmes e o doutor John H. Watson. Foram dezenas e dezenas de histórias sobre o detetive de Baker Street e seu companheiro, que surgiram para o mundo em 1887, com a publicação do romance Um Estudo em Vermelho, e que o autor britânico nascido na Escócia escreveu e publicou cerca de 60 narrativas centradas nos dois personagens.
Certo é que, por esses enigmas da mente, é inevitável não remeter seus contos à frase mais célebre de Holmes: “Elementar, meu caro Watson”. Mas daí surge a questão. Jamais o detetive disse essa frase. Embora ele diga “elementar”, em momento algum diz “meu caro Watson”.
Vá lá, investigue! Não há registros de Sir Arthur Conan Doyle escrevendo isto durante suas histórias. Mas se você for um Sherlock típico descobrirá que “meu caro Watson” foi adicionado posteriormente pelo autor Pelham Wodehouse, em 1915.
Outros aspectos, e menos conhecidos, são da criação de Conan Doyle de cunho espiritualista, vindas de sua doutrina mediúnica que o autor seguiu até o final da vida e escritas a partir de 1916, como A Nova Revelação (1918) e A Mensagem Vital, (1919).
Ainda estudante, Conan começou a escrever pequenas histórias. Em 1887 publicou na revista de bolso Beeton’s Christmas Annual, a história “Study in Scarlate” (Um Estudo em Vermelho), que se transformou no primeiro dos 60 outros contos policiais em que aparece sua criação máxima, o detetive “Sherlock Holmes”.
Tanto sucesso guardava mais um mistério ao autor, revelado pela historiadora Lucy Worsley:
secretamente ele se ressentia da criação de Sherlock, culpando o personagem por negar-lhe o reconhecimento como autor de ficção histórica intelectual. Por trás de sua fama de escritor se escondia um homem descontente. Por isso, após ganhar todo dinheiro que precisava, decidiu matar Sherlock. Mas a vida é dura e, olha os mistérios dela aí, uma década depois Arthur foi atraído para ressuscitar o detetive quando uma editora americana lhe ofereceu o equivalente a US$ 1,6 milhão. E eu agradeço!
Sherlock Holmes é o detetive fictício mais popular da história graças as narrativas de Dr. Watson, seu companheiro, que dividia os aposentos em 221B Baker Street.
Quatro romances e 56 contos. Perseguição de criminosos, habilidades de observação e poderes de dedução. Histórias adaptadas para o teatro, cinema e televisão com mais de 20 filmes interpretados pelos ícones do cinema mundial.
Tudo isso é muita coisa? Parece muito estranho? Só uma certeza: Conan Doyle era um gênio. Elementar, meu caro leitor.
Conheça mais!
Um Estudo em Vermelho foi publicado em novembro de 1887 no almanaque Beeton´s Christmas Annual. Narra a primeira aventura de Sherlock Holmes e do Dr. Watson, que tinha acabado de voltar da Guerra da Crimeia e foi morar junto ao excêntrico investigador. Fugindo da lógica tradicional e com um vasto conhecimento em várias áreas, Holmes consegue desvendar um crime usando pistas simples, mas que passam despercebidas para a maioria dos mortais. Este livro é fundamental para todos os apaixonados por histórias de detetive.

Carlos Galego é assessor de comunicação da Tocalivros, com larga experiência no mercado cultural e de entretenimento.
É autor de dois livros e escolhido entre os 20 principais poetas nacionais em 2021 pelo Poetize.
Editor de trabalhos como Ruídos Urbanos (de Ricardo Martins), Poesia de Mim (de Vanessa Lima), Vou Ali e já volto! (de Gerson Danelon) e Frases da vida (de Alma Impressa).
Se dedica também a artes visuais, e ministra aulas e cursos de comunicação para setor privado, e oficinas de comunicação cultural em Secretarias de Cultura municipais