Elas querem poder!

Elas querem poder!

Dia 8 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher, data reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1977, porém o dia é lembrado desde 1911.

Vários eventos influenciaram a criação da data, porém dois são marcantes: o primeiro foi um incêndio numa fábrica de roupas, em Nova York, em 1911 – em que 123 mulheres morreram, contra 23 mortes de homens. O segundo foi a marcha das mulheres russas por “Pão e Paz” e também pela saída da Rússia na Primeira Guerra Mundial, em 1917. 

Continue lendo o artigo para saber tudo sobre a luta das mulheres no Brasil e no mundo. 

A luta das mulheres 

Desde o final do século XIX e início do século XX, o esforço das mulheres se intensificou em busca de melhores condições de vida, trabalho e direito ao voto.

Em 26 de agosto de 1910, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em Copenhaga, a líder socialista alemã Clara Zetkin propôs a instituição de uma celebração anual das lutas pelos direitos das mulheres trabalhadoras. 

A princípio, não havia data fixa para as celebrações – visto que alguns países comemoram em meados de fevereiro e outros, em março -, o dia 8 de março foi oficializado apenas em 1917, em meio às marchas das mulheres na Rússia. 

O Dia das Mulheres não é apenas uma data trivial, mas sim, um convite a pensarmos sobre como a sociedade as trata, seja no âmbito familiar como no mercado de trabalho. 

Por falar em mercado de trabalho, as mulheres, ainda hoje, estão em desvantagem aos homens: um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), de 2022, mostrou que, desde 2012, a taxa de desemprego das mulheres é superior ao dos homens – segundo o levantamento, o índice de desempregadas era de 16,45% em 2021, o equivalente a mais de 7,5 milhões de mulheres. 

Porém, não é apenas no mercado de trabalho que as mulheres enfrentam as desigualdades: há, também, a desigualdade de gênero. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, o Brasil, em 2019, ocupava a 92º posição em um ranking que mede a igualdade entre homens e mulheres. O estudo foi feito entre 152 países do mundo. 

Além disso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o quinto país do mundo em número de feminicídio. São 503 mulheres vítimas de violência a cada hora no país. 

São infinitas desigualdades que as mulheres enfrentam: seja na política, na equidade de salário, entre tantas outras questões que as atingem. Mas, por outro lado, também houve avanços nos últimos cem anos. 

Alguns exemplos são: o próprio direito ao voto reivindicado anos atrás, aborto – esse ainda é restrito apenas em alguns países. O Brasil, por exemplo, segue na luta para aprovar a permissão das mulheres não terem filhos. A nossa vizinha Argentina, só legalizou a prática recentemente, em 2020 – métodos contraceptivos, paridade na política, entre diversos outros temas que atingem a vida das mulheres.  

Por isso, as mulheres precisam ser ouvidas em suas individualidades e terem suas vidas e trabalhos validados, por isso confira dicas de audiolivros escritos e narrados por mulheres.

Conheça audiolivros escritos e narrados por mulheres 

Escutar audiolivros é uma ótima forma de conhecer outras histórias, vivências e também apoiar o trabalho de mulheres, confira algumas recomendações: 

Volta ao mundo em 80 artistas

Em seu audiolivro de estreia, a cantora e compositora Badi Assad faz um inventário sentimental e autobiográfico de 80 artistas de todos os continentes. Depois de um período escrevendo para a Top Magazine, Badi complementou as crônicas iniciais com novas impressões para este livro que passou a ser não somente uma homenagem aos artistas de cantos, etnias e épocas distintas, mas também uma forma de registrar a admiração e as próprias influências de artistas em sua jornada pessoal. De Chico Buarque a Björk, Badi revela seu olhar carinhoso e experiente sobre os artistas e revela novas referências até para os ouvintes mais antenados.

Água de Barrela

As muitas mulheres negras presentes no romance Água de Barrela, de Eliana Alves Cruz encontram no lavar, passar, enxaguar e quarar das roupas das patroas e sinhás brancas um modo de sobrevivência em quase trezentos anos de história, desde o Brasil na época da colônia até o início do século XX. O título do romance remete a esse procedimento utilizado por essas mulheres negras de diferentes gerações e que garantiu o sustento e a existência de seus filhos e netos em situações de exploração, miséria e escravidão. A narrativa inicia-se com a comemoração do aniversário de umas das personagens após viver um século de muitas lutas, perdas, alegrias, tristezas e principalmente resiliência. Damiana, personagem central para a narrativa, cansada das batalhas constante e ininterruptamente travadas pela liberdade, se vê rodeada por sua família e se recorda dos tempos de lavadeira.​​

A Hora da Estrela

A nordestina Macabéa, a protagonista de A Hora da Estrela, é uma mulher miserável, que mal tem consciência de existir. Depois de perder seu único elo com o mundo, uma velha tia, ela viaja para o Rio, onde aluga um quarto, se emprega como datilógrafa e gasta suas horas ouvindo a Rádio Relógio. Apaixona-se, então, por Olímpico de Jesus, um metalúrgico nordestino, que logo a trai com uma colega de trabalho. Desesperada, Macabéa consulta uma cartomante, que lhe prevê um futuro luminoso, bem diferente do que a espera.

Clarice cria até um falso autor para seu livro, o narrador Rodrigo S.M., mas nem assim consegue se esconder. O desejo de desaparecimento, que a morte real logo depois consolidaria, se frustra.

Entre a realidade e o delírio, buscando social enquanto sua alma a engolfava, Clarice escreveu um livro singular. A Hora da Estrela é um romance sobre o desamparo a que, apesar do consolo da linguagem, todos estamos entregues.

Mulheres Imperfeitas

Neste audiolivro, a escritora, jornalista e colaboradora da New York Times Magazine, Carina Chocano, mescla histórias pessoais, que fizeram parte de seu amadurecimento como mulher, com análises perspicazes sobre como a cultura pop moldou o comportamento feminino, ao longo do tempo. Seguindo a mesma tradição textual combativa de Roxane Gay, Rebecca Solnit e Susan Sontag, a autora mostra de forma brilhante que nossas identidades são muito mais fluı́das do que pensamos, e certamente mais complexas do que qualquer coisa que vemos nas telas de cinema e na cultura pop do mundo contemporâneo, dirigida, em grande parte, ao olhar machista do patriarcado. A obra traz um incrível trabalho de pesquisa e desconstrução cultural que discute maneiras problemáticas de contar histórias sobre as mulheres.

Olhos D’Água

Em Olhos d’água, Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem. Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. Ou serão todas a mesma mulher, captada e recriada no caleidoscópio da literatura em variados instantâneos da vida?

Elas diferem em idade e em conjunturas de experiências, mas compartilham da mesma vida de ferro, equilibrando-se na “frágil vara” que, lemos no conto “O Cooper de Cida”, é a “corda bamba do tempo”. Em Olhos d’água estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, amantes, homens e mulheres – todos evocados em seus vínculos e dilemas sociais, sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a humana condição. Sem quaisquer idealizações, são aqui recriadas com firmeza e talento as duras condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira.

Negras, Mulheres e Mães

Comemorando os 16 anos de sua primeira edição, “Negras, Mulheres e Mães” é um retrato que permanece atual sobre as relações raciais no Brasil, baseadas sobre as questões de gênero e religiosidade. Através do resgate das memórias de Olga de Alaketu, saudosa Iyalorixá de Candomblé na Bahia e no Sudeste, a autora atravessa os grilhões do racismo e mostra que a capacidade da mulher negra em superar as dificuldades no curso da vida, dotada por sua herança cultural africana de potências de defesa e atuação social – ainda que às vezes em conflito de valores com a cultura europeia, branca e cristã do Brasil.

O lugar ocupado pela mulher negra na sociedade, sua condição particular de provedora e amante são o que, na análise do pensamento africano e afro-brasileiro, a transformam em mito. A religiosidade afro-brasileira é a dimensão na qual essa figura se mostra ainda mais completa, levando Teresinha Bernardo à reflexão sobre o candomblé e suas mulheres, suas mães, suas mães-de-santo. Ao revelar aos leitores a história pessoal e espiritual de Olga de Alaketu, a autora expõe suas dimensões míticas, a partir dos quais a figura da mulher genérica vai se desenhando com grande nitidez e sentido. Mulheres do povo e suas nuances permitem, então, lançar novas luzes sobre os estudos da mulher, da religião e das relações raciais.

Uma Mulher Não É Um Homem

Palestina, 1990. Isra, de dezessete anos, prefere ler livros a se encontrar com os pretendentes que seu pai escolheu para ela. Mas seus desejos são irrelevantes – em breve, a menina ingênua e sonhadora estará prometida, casada e morando no Brooklyn.

Ali, Isra luta para se adaptar às expectativas de sua sogra opressiva, Fareeda, e de seu estranho novo marido, Adam. A pressão se intensifica quando ela começa a ter filhos – aliás, filhas, quatro! Brooklyn, 2008.

Por insistência de sua avó, Deya, de dezoito anos, deve se reunir com seus pretendentes e se preparar para o casamento, embora seu único desejo seja ir para a faculdade. Sua avó é inflexível, pensa que a única maneira de garantir um futuro digno para Deya é através do casamento com o homem certo.

Mas o destino tem vontade própria, e logo Deya se encontrará em um caminho inesperado, imerso por revelações que a forçarão a questionar tudo o que ela achava que sabia sobre sua família, o passado e seu próprio futuro.

Uma mulher não é um homem é uma história que dá voz aos gritos reprimidos… É sobre a família e as formas como o silêncio e a vergonha podem destruir aqueles que juramos proteger.

Negra nua crua

Negra Nua Crua é o segundo livro publicado de forma independente por Mel Duarte, poeta, slammer e produtora cultural. A obra, lançada em 2016, traz consigo o prefácio da cantora Tássia Reis e carrega 75 páginas de poesias que retratam, de forma arrebatadora, as vivências, inquietações, dores e experiências da mulher negra contemporânea sob a sua própria ótica: a autora, a partir de si, generaliza a condição do sujeito feminino negro e expõe em versos o que cerca esse ser por vezes estereotipado ao longo da literatura brasileira, mas que vem ganhando voz – e representatividade nas escritas atuais.

Beatriz Gouvêa

Jornalista e Especialista em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais, faz parte da equipe de Marketing da Tocalivros. Ama literatura latino-americana e brasileira, sendo entusiasta de tudo que envolve nossa região.

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