Gabriel García Márquez: o realismo mágico de um mestre

Gabriel García Márquez: o realismo mágico de um mestre

Gabriel García Márquez completaria 97 anos neste 6 de março. Sua obra e genialidade ultrapassam fronteiras e gerações, sendo um dos escritores mais importantes do século XX. 

Nascido em Aracataca, na Colômbia, Gabo — como era chamado — cresceu imerso na rica cultura latino-americana, que mais tarde se tornaria a inspiração central para muitas de suas obras magistrais. 

O legado de Gabo

Por mais que não tenha inventado o conceito de “realismo mágico”, a partir dos anos 60, Gabriel García Márquez foi muito importante em difundir esta literatura, presente na América Latina, para o mundo.

Aqui é preciso fazer um parênteses: realismo mágico é uma vertente literária, que se caracteriza pelo constante uso de símbolos e metáforas, além de ocorrências surreais e mirabolantes que acontecem na vida dos personagens, mas que no contexto são tratadas como naturais.

É em “Cem Anos de Solidão”, sua obra mais conhecida e que foi um dos responsáveis pelo Nobel de Literatura que ganhou em 1982, que esse termo fica mais perceptível, como por exemplo no caso de uma peste da insônia, em que a cidade inteira não dorme, ou até mesmo na chuva que durou 4 anos, 11 meses e 2 dias. 

A vida de Gabo começou em um ambiente carregado de influências culturais e históricas, onde ouviu inúmeras histórias contadas por sua avó, que mais tarde seriam incorporadas em suas próprias narrativas. 

Após estudar direito na Universidade Nacional da Colômbia, García Márquez mergulhou no jornalismo, uma profissão que moldou sua visão do mundo e inspirou muitos de seus personagens e cenários.

Além de “Cem Anos de Solidão”, a obra de García Márquez inclui uma série de romances, contos e ensaios que exploram as complexidades da condição humana e as nuances da sociedade latino-americana. Seus personagens são vibrantes e multifacetados, refletindo os dilemas universais da existência em contextos culturais específicos.

Até hoje sua escrita exerce uma influência profunda em gerações de escritores e leitores ao redor do mundo, inspirando uma nova apreciação pela riqueza da cultura latino-americana e pelo poder da imaginação literária.

Gabriel García Márquez é mais do que um escritor. Um artista que transcende fronteiras culturais e temporais, deixando para trás um tesouro de palavras que continuarão a brilhar intensamente na paisagem da literatura mundial.

Celebre a arte de Gabriel García Márquez

Ao longo de sua carreira, Gabo escreveu e publicou muitos livros tendo como tema central particularidades tão íntimas de uma América Latina que sofreu com guerras, ditaduras, pobreza, mas também muito especial com cultura, simbolismos e características vibrantes e diversificadas. 

Cem Anos de Solidão

O livro mais importante de Gabriel Garcia Márquez.

Neste que é um dos maiores clássicos da literatura, o prestigiado autor narra a incrível e triste história dos Buendía – a estirpe de solitários para a qual não será dada “uma segunda oportunidade sobre a terra” e apresenta o maravilhoso universo da fictícia Macondo, onde se passa o romance. É lá que acompanhamos diversas gerações dessa família, assim como a ascensão e a queda do vilarejo. Para além dos artifícios técnicos e das influências literárias que transbordam do livro, ainda vemos em suas páginas o que por muitos é considerado uma autêntica enciclopédia do imaginário, num estilo que consagrou o colombiano como um dos maiores autores do século XX.  

O Amor nos Tempos do Cólera

Ainda muito jovem, o telegrafista, violinista e poeta Gabriel Elígio García se apaixonou por Luiza Márquez, mas o romance enfrentou a oposição do pai da moça, coronel Nicolas, que tentou impedir o casamento enviando a filha ao interior numa viagem de um ano. Para manter seu amor, Gabriel montou, com a ajuda de amigos telegrafistas, uma rede de comunicação que alcançava Luiza onde ela estivesse. Essa é a história real dos pais de Gabriel García Márquez e foi ponto de partida de O amor nos tempos do cólera, que acompanha a paixão do telegrafista, violinista e poeta Florentino Ariza por Fermina Daza.

O Outono do Patriarca

García Márquez já se referiu a O outono do patriarca como um poema sobre a solidão do poder. Primeiro romance depois de Cem anos de solidão (1967), esta obra representa uma alegoria do autoritarismo na América Latina. Há mais de um século no comando, o patriarca de García Márquez faz o tempo avançar e retroceder em monólogos que comportam diálogos, construídos com imagens que evocam a loucura e o lirismo, descentrando a história, a geografia, a linguagem. Com idade indefinida entre 107 e 232 anos, ele vaga num universo onde tudo conduz à lembrança do tempo acumulado. • Prêmio Nobel de literatura.

Os Funerais da Mamãe Grande

Nos contos deste livro, uma das primeiras obras de García Márquez, respira-se o ar de Macondo: nas flores embrulhadas em jornal trazidas pela mãe do ladrão para a cova do filho; na singular cena do dentista que extrai o dente de um dos homens mais poderosos da região; no sumiço das bolas de bilhar, crime que movimenta toda a cidade em busca do cruel vilão, e, finalmente, nos esplendorosos funerais da poderosa Mamãe Grande, honrados pela presença do Presidente da República e de Sua Santidade, o Papa. 

Os funerais da Mamãe Grande é a mistura do trivial e do fantástico, é a trágica monotonia da vida de aldeia cortada por relâmpagos de fatalidade que jogam luz inesperada e estranha sobre a alma das pessoas – é a densa humanidade e a mestria artística do grande escritor colombiano. Nos oito contos deste livro Gabriel García Márquez faz uma viagem sentimental por sua cidade natal, sem deixar de lado um olhar crítico sobre a sofrida realidade social, a pobreza da terra e o domínio dos coronéis.

Do Amor e Outros Demônios

Um livro sobre o desejo que elege as paixões e atinge as raízes mais profundas do ser humano: o amor.

  Em 1949, o convento histórico de Santa Clara seria vendido para a construção de um hotel cinco estrelas no local. E Gabriel García Márquez, um jovem repórter, é designado para acompanhar a remoção das criptas funerárias da capela.

O que mais impressionou este colombiano foi o túmulo de uma menina, que o fez lembrar as lendas contadas por sua avó. Segundo ela, no Caribe, havia uma marquesinha que tinha uma “cabeleira que se arrastava como a cauda de um vestido de noiva”. Venerada por seus milagres, ela foi mordida por um cachorro e morreu de raiva. Seria aquela marquesinha de sua infância ali enterrada?

García Márquez conta a história da filha única de um marquês, criada no convívio de escravos e orixás, e um padre incumbido de exorcizar os demônios que se acredita terem possuído a pequena, cujos cabelos só seriam cortados em seu casamento.

Crônicas de Uma Morte Anunciada

A morte de Santiago Nasar está anunciada desde a primeira linha da história. Toda a comunidade sabe do iminente assassinato movido por vingança, mas nada nem ninguém o salva de seu trágico fim. Com brilhantismo, Gabriel García Márquez monta um quebra-cabeça com a superposição de versões do último dia do jovem do ponto de vista de diversas testemunhas, utilizando o rigor jornalístico nesta construção, que lhe era tão caro.

Para conhecer mais de suas obras, acesse aqui.

Beatriz Gouvêa

Jornalista e Especialista em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais, faz parte da equipe de Marketing da Tocalivros. Ama literatura latino-americana e brasileira, sendo entusiasta de tudo que envolve nossa região.

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