O que você sabe da literatura latino-americana? Quais escritores você conhece? Talvez o primeiro nome que te venha à mente seja do autor colombiano Gabriel García Márquez, certo? Provavelmente, você lembre de algum outro escritor homem, não é?
Mas há uma escritora que foi e continua sendo um marco na região de nosso continente: Isabel Allende. No artigo de hoje, te contaremos da importância dela e o por que você deve lê-la.
A importância de Isabel Allende
De certo, ao falar do sobrenome Allende, a primeira pessoa que você pensa é em Salvador Allende, ex-presidente do Chile, morto durante a ditadura militar de Augusto Pinochet, em 1973. No entanto, há outra Allende significativa na história: nossa homenageada do dia.
Isabel Allende é uma das vozes mais proeminentes da literatura latino-americana, tendo escrito e publicado 28 livros — até agora! — ao longo de 40 anos de carreira. Seu livro mais lembrado é “A Casa dos Espíritos”, o primeiro que lançou e que foi traduzido para mais de 40 idiomas e que teve 70 milhões de cópias vendidas, o que a torna a escritora de língua espanhola mais lida no mundo.
Suas obras, em geral, são conhecidas por sua combinação de realismo mágico, rica tapeçaria cultural e personagens complexos — isso sem falar de características muito particulares da nossa região, como migrações, ditaduras, questões políticas e sociais —, sempre trazendo a figura feminina em primeiro lugar nas narrativas.
Ao longo de sua carreira, a escritora recebeu inúmeros prêmios e homenagens, como o Prêmio Nacional de Literatura do Chile, Medalha Presidencial da Liberdade dos Estados Unidos, a mais alta distinção do país.
A autora também se tornou a primeira escritora de língua espanhola a receber a medalha de honra do National Book Award, nos Estados Unidos, por sua grande contribuição para o mundo das letras.
Uma curiosidade muito particular da escritora é que ela sempre começa a escrever suas novas histórias em um 8 de janeiro, dia em que escreveu uma carta a seu avô que estava doente, em 1981. Com o advento da internet e do Instagram, ela publica em sua conta todo 8 de janeiro que está escrevendo um novo livro. Se antes parecia superstição, hoje Isabel afirma que é apenas uma questão de disciplina.
Além de escritora, também é ativista social e criadora da Fundação Isabel Allende, que visa ajudar mulheres e crianças em situação de risco. A ideia da instituição é dar respaldo para organizações sem fins lucrativos localizadas principalmente no Chile e na Califórnia, Estados Unidos, que oferecem direitos reprodutivos, independência econômica e proteção contra violência a mulheres e meninas vulneráveis.
Fundada em 1996, em homenagem à filha falecida, Paula, a Fundação já concedeu bolsas de estudo para mais de 100 organizações sem fins lucrativos em todo o mundo, cujo trabalho mudou a vida de centenas de milhares de mulheres e meninas.
Enfim, com esse artigo você já pôde perceber a grandeza da escritora. Que tal aproveitar a chance e conhecer suas obras?
Descubra a magia da narrativa de Isabel Allende
A Casa dos Espíritos
O maior sucesso de Isabel Allende, “A Casa dos Espíritos” é um clássico do realismo mágico e da literatura latino-americana. A obra traz à vida uma família cujos laços privados de amor e ódio são mais complexos e duradouros do que as lealdades políticas que os colocam uns contra os outros.
As paixões, lutas e segredos da família Trueba abrangem três gerações e um século de transformações violentas, que culminaram em uma crise que leva o patriarca e sua amada neta para lados opostos das barricadas. Em um pano de fundo de revolução e contrarrevolução, Isabel Allende traz à vida uma família cujos laços privados de amor e ódio são mais complexos e duradouros do que as lealdades políticas que os colocam uns contra os outros.
Paula
Escrito durante o coma de sua filha Paula, vítima de uma doença rara, este livro de memórias é o mais comovente e íntimo de todos os trabalhos de Isabel Allende.
Em 1991, Paula, ficou gravemente doente e foi internada em um hospital na Espanha. A escritora acompanhou o sofrimento da jovem durante meses. Ao lado do leito da filha inconsciente, Isabel fez anotações em um caderno, escrevendo coisas com o intuito de lembrar a Paula quem ela era e de onde vinha, imaginando que a filha, ao despertar, poderia ter perdido a memória. A história que Isabel Allende escreve não é somente a sua: é a de sua família, a de seu país, a da América Latina de meados do século 20. De ancestrais bizarros a lembranças da infância; de peripécias da juventude aos anos de chumbo no Chile em plena ditadura militar.
Em “Paula”, Isabel Allende nos faz rir, chorar, se emocionar, se aterrorizar e celebra a vida com a coragem de uma mulher que soube dar a volta por cima.
Violeta
Violeta veio ao mundo em um dia tempestuoso de 1920, a primeira menina em uma família com cinco filhos. Desde o início, sua vida foi marcada por acontecimentos extraordinários: ainda era possível sentir os efeitos da Grande Guerra quando a gripe espanhola chegou ao seu país, pouco antes do seu nascimento.
A família saiu ilesa dessa crise, mas não conseguiu enfrentar a seguinte. A Grande Depressão transformou totalmente a vida urbana que Violeta conhecia. Sua família perdeu tudo e foi forçada a se mudar para uma parte mais remota do país. Lá, ela cresceu e terá seu primeiro pretendente.
Violeta narra sua história em uma carta a pessoa que mais ama nessa vida, contando decepções e casos amorosos, momentos de pobreza e riqueza, terríveis perdas e imensas alegrias, sempre permeando grandes eventos da história: a luta pelos direitos das mulheres, a ascensão e queda de tiranos e, em última análise, não uma, mas duas pandemias. Isabel Allende nos conduz por uma vida turbulenta na forma de um romance épico, inspirador e profundamente emocionante
Longa Pétala de Mar
Em plena Guerra Civil Espanhola, o jovem médico Víctor Dalmau e sua amiga, a pianista Roser Bru-guera, são obrigados a abandonar Barcelona, exilar-se e atravessar os Pirineus rumo à França. A bordo do Winnipeg, navio fretado pelo poeta Pablo Neruda, que levou mais de dois mil espanhóis para Valparaíso, eles embarcaram em busca da paz e da liberdade que não tiveram em seu país.
Recebidos como heróis no Chile — essa “longa pétala de mar e neve”, nas palavras do poeta chileno —, os dois se integrarão na vida social do país durante várias décadas, até o golpe de Estado que derrubou Salvador Allende, com quem Víctor estava ligado por laços de amizade, graças à paixão pelo xadrez. Víctor e Roser se verão novamente desterrados, mas, como diz a autora: “quando se vive o suficiente, todos os círculos se fecham”.
Uma viagem pela história do século XX, de mãos dadas com alguns personagens inesquecíveis que descobriram que numa única vida cabem muitas outras, e às vezes o difícil não é fugir, mas voltar.
O Vento Sabe Meu Nome
Em “O Vento Sabe Meu Nome”, passado e presente se entrelaçam para contar o drama do desenraizamento, da compaixão e do amor. Um romance atual sobre os sacrifícios que os pais fazem pelos filhos, sobre a surpreendente capacidade de algumas crianças de sobreviver à violência sem parar de sonhar e sobre a tenacidade da esperança, que pode brilhar mesmo nos momentos mais sombrios. Uma história sobre as feridas profundas que a migração forçada produz e as pessoas que lutam para curá-las.
Do Amor e de Sombra
A partir de uma reportagem rotineira, um mundo estranho, oculto pela história oficial, revela-se a Irene, jornalista proveniente de uma família de aristocratas, e a Francisco, fotógrafo filho de um professor anarquista, fazendo-os se sentir moralmente responsáveis pelos fatos cruéis que se sucedem. Na sombra do poder e do abuso, e cada vez mais pressionados pelas injustiças e pelo ódio, eles veem o amor de um pelo outro se desenvolver como força contrária. Mas estarão eles dispostos a arriscar tudo em nome da justiça e da verdade, num país onde detenções arbitrárias e execuções sumárias são uma prática constante?
Em “De Amor e de Sombra”, imaginação e realidade correm paralelas, alcançando a perfeição de uma indiscutível obra de arte literária, bem como de um comovente testemunho histórico da trágica situação que, lamentavelmente, ainda se vive em certas regiões da América Latina. Aqui, Isabel Allende narra situações tanto reais quanto imaginárias, sempre evidenciando a dramaticidade e aprofundando o sentido dos acontecimentos.

Jornalista e Especialista em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais, faz parte da equipe de Marketing da Tocalivros. Ama literatura latino-americana e brasileira, sendo entusiasta de tudo que envolve nossa região.